Eleições 2006 – 2º Turno

A nação prepara suas colas e toma o ultimo fôlego para as eleições 2006.
Indignada ela quer merenda na escola de seu filho. Já ele, acredita na cesta básica que recebe todo mês. Ambos não sabem a verdade que envolve os termos, mas exercem seu papel de cidadãos.
Por haver uma opinião sólida sobre o assunto, não citarei minha experiência eleitoral. Já que o propósito deste não é influenciar, mas entreter os fatos.

Surpreendidos estão os que acreditavam que esta seria uma campanha de exposições de projetos. Infelizmente tornou-se tão ofensiva quanto o ataque do líder do Brasileirão.
Mais desapontante ainda foram os debates. Estes que têm como foco expor soluções para a melhoria de problemas e o esclarecimento de duvidas da população em geral, tornaram-se uma verdadeira baixaria. Enquanto um candidato fazia uma chuva de dados envolvendo corrupção e verba duvidosa, o outro não cansava de citar privatizações e o baixo nível de desenvolvimento do último governo. Ambos resgatando o passado, esquecendo que ali deveriam discutir o futuro.

Pois amanhã tudo será resolvido (pelo menos é o que desejamos).
Ela aguardará a merenda do seu filho, enquanto ele acredita na cesta básica para sua família. Eu porém, prefiro não sonhar, mas cobrar tudo que fora prometido.

O outro lado do Feriado

Feriado está correlacionado a viagem, descanso, shopping lotado, faxina no armário, pé em cima da mobília mais cara. Mas também é a oportunidade de se esconder em seu refúgio, mesmo que este seja uma árvore, seu quarto ou um estacionamento de mercado.

Foi nesse feriado que ela percebeu que passou o que julgava ser eterno. Que muitas das suas convicções estavam erradas. Além de ter falado o que não devia, também ocultou o que não poderia.

As juras e loucuras tornaram-se pó em meio a ventania, assim como as margaridas que morreram e o cheiro de bolo quente que se foi. Agora não recorda seu telefone nem sua data de aniversário. De tanto amor restou uma vasta escuridão.

Lembrou da época em que a vida dançava sua sinfonia. Onde seu corpo correspondia sua mente, e essa, por sua vez, não falhava. Tinha porte de miss, era fonte inspiradora.

Ao abaixar sua fronte observou suas mãos marcadas pela experiência do tempo. Percebeu que além da pele, sua voz não era mesma. Nem sua vida ou pensamentos.
Sorriu ao chorar e ao lembrar de uma vida, a sua vida.

Dirigiu-se a saída e entregou o ticket do supermercado, logo o feriado terminaria.

Coleção de Fases

Em meio a correria que insiste me perseguir, passa uma vasta idéia de vos abandonar. Fujo dos planos e tarefas para me esconder na multidão, e penso melhor em deixar este que se tornou meu refúgio.

A vida é uma coleção de fases. Infelizmente algumas pessoas só admitem isso no final da última delas. Quando as brincadeiras na rua, jantares românticos, aromas suaves e músicas frenéticas já passaram.

Outras, porém, tem a percepção de que estamos vulneráveis a mudança todas as manhãs. Essas não só a compreendem, como também degustam melhor cada momento. Deixando a ansiedade do amanhã para desfrutar o gozo do presente.

Com a diversidade pessoal, torna-se difícil sua generalização. Mas quem não sorri lembrando das aventuras na adolescência? Ou não se emociona com fotos amareladas, cartas antigas? Ainda tem as recordações das férias, a música do casamento, o diário de infância, a flor seca, o olfato que degusta a lembrança de uma fase que não volta mais.

Penso nessas e nas muitas que certamente virão. Concluo ficar, mesmo que pela circunstância, atualizações tornem-se esporádicas.
Cá digo, sussurro, grito, esbravejo. Posso ser eu, ou quem queira ser; sem privações, renúncias, medos, nem cobranças. Aqui mostro minhas faces, coleciono minhas fases.

Eleições 2006 – 1º Turno

Mais uma eleição se passou e a sensação de vazio prossegue. Nem mesmo a esperança do segundo turno traz-me vigor.

Talvez esteja assim por ler uma entrevista com o Deputado Federal Clodovil, que afirmou não ter qualquer projeto em mente, já que tem como prioridade decorar sua sala na Câmara dos Deputados. O mesmo afirma não ter conhecimento na política, mas que está apto a aprender.
Enquanto uns aprendem, outros surpreendem. Fernando Collor foi eleito Senador em Maceió com cerca de 44% dos votos. Ele afirma ter semelhanças com Lula, por isso o apoiará no Segundo turno.
Como senão bastasse ainda há a eleição de Frank Aguiar (aquele dos teclados que alguns anos atrás espancou a mulher), como Deputado Federal. Sem projetos em mente, o cantor diz ter se candidatado para retribuir o carinho dos fãs.

Comporta-se minha decepção em relação a uma eleição que prometia um melhor índice de qualificação dos eleitos, já que há inúmeras denúncias de corrupção dentro da própria Câmara. Infelizmente tudo indica que essa eleição tornou-se mais uma grande pizza com muito orégano que o Brasil produz. Por sinal, o Brasil tem se especializado nessa área, e nós, nos acomodado a votar sem percepção das conseqüências desse ato.

Indigno-me sem saber se, a política causa ignorância ou se ignorantes somos nós, que elegemos esses políticos.