Um pouco do tanto...

"Se de tudo fica um pouco, mas por que não ficaria um pouco de mim?" (Carlos Drummond de Andrade)

Wednesday, August 30, 2006

Confesso que ainda perplexa lhes escrevo.

Será que só eu reparei na futilidade dos casamentos? Não digo dos pedidos de amor eterno que meses depois são trocados por pedidos de separação. Falar disso seria chover no molhado.

Refiro-me a desfocalização do evento. As pessoas não se importam mais com a seriedade do dia. Já ouvi comentários como: “Não vou almoçar, pois a noite tenho um ótimo casamento!”. Ora, o casamento será ótimo pela realização dos noivos ou pelo jantar oferecido?

Infelizmente quando o principal não é a comida, certamente é a festa. Também tantas luzes, efeitos, fumaças e flashs nos fazem sentir dentro da melhor boate da região. Além do maldito momento em que, as mulheres retiram o salto, enquanto os homens colocam as gravatas na cabeça e dançam desde clássicos dos anos 70 até o último funk carioca.

Enquanto isso os noivos que deveriam resplandecer beleza e felicidade, estão descabelados aproveitando. Ela rebolando o piri–piri da Gretchen e ele, dançando Sidney Magal.

Diante da cena me deparo intacta, pensando como todas essas pessoas irão se decepcionar com o meu casamento. Este sim será simplesmente e unicamente um casamento. Nada relacionado a “bom prato” ou point de azaração.

Concluo que muitos casamentos estão se tornando uma "balada free". Onde tudo se torna importante, menos o que realmente tem importância.

Tuesday, August 29, 2006

Insanamente Sonhadora

Ela passa horas refletindo e conclui que precisa moderar. Mesmo assim é difícil fugir de pensamentos que trazem a memória sua esperança.

Buscava Paz. De espírito, emoção e por que não de razão? Sonhava em flutuar, vencer, amar, viajar. Tornara-se uma jornalista, arquiteta, médica ou qualquer outra profissão que almeja-se. Tudo era instigantemente possível.

Porém, os mesmos que traziam conforto, se tornaram gradativamente uma tortura exclusiva e dependente. Fora exatamente essa auto-tortura que a fez viver menos, ou morrer aos poucos.

Esses que aparentemente levariam a um futuro tão fotográfico, fizeram da sua realidade seu próprio pesadelo. Infiltrada dentro do seu próprio eu, passou a não viver seu presente idealizando um futuro, que nunca aconteceu.


"Poetizar vale pouco quando se vive"

Sunday, August 20, 2006

Prisão ou Manicômio?

Você está sentado, e pensa como seria bom se não tivesse saído da cama. Afinal está frio, e sua cama é tão quentinha. Apesar disso te expulsaram de lá e como se não bastasse te jogaram neste lugar, que você ainda não definiu como prisão ou manicômio.
Se ainda houvesse algum conteúdo que fizesse diferença em sua vida, mas não há lógica no que se mostra e a vontade que se tem é de fugir, ou então de dormir.

Fita-se o professor e pensa se ele realmente é feliz no casamento. Com a idade e o humor que ele tem, sua esposa nem deve lhe dar “bom dia”. Creio que estão juntos porque separação demora, além de ser cara, e como sempre dizem; professor ganha uma miséria.
Apesar da sua vida conjugal estar ruim, tem engordado. Deve ter uma mãe quituteira (se ela ainda estiver viva), ou qualquer outro ser que cozinhe para este pobre velho que está prestes a se aposentar.

Olho em minha volta e percebo que todos estão o olhando. Aposto como aquele menino está pensando na festa de ontem, enquanto aquela menina pensa no que vai comer no almoço e aquela mais atrás sonha com o namorado.
Incrível como todos o fitam, mas ninguém sabe ao certo o que ele explica.

Ele finge ter o melhor público, e a platéia finge ouvir a melhor aula. Eis que soa o sinal e muitos despertam do seu sonho acordado. Todos na vã esperança do teatro acabar, quando na verdade apenas estão mudando a peça. E logo começa outra aula...

Wednesday, August 16, 2006

Crises de Vestibulando

Já estamos em meados do segundo semestre e parece que não se fala em outra coisa além do Vestibular. Tenho impressão que meus 11 anos de estudo serão postos à prova daqui alguns meses. Como se não bastasse ter que dispor dessa bagagem de tantos anos em mente, ainda há a auto pressão psicológica, que introduz pensamentos como “É realmente isso que eu quero para minha vida? Será que tenho vocação?”. Além de todas essas informações infiltradas em sua cabeça, sempre há um dito cujo para perguntar como estão os preparativos para a prova. Você diz sem-graça: “Está bem!”. Com aquela vontade agonizante de dizer que na verdade está vivendo uma crise existencial por causa desse “bendito” vestibular.


Não compreendo qual a relação entre a felicidade e um diploma universitário. Se fosse assim, os médicos e os advogados seriam radiantemente felizes, enquanto os garis e operadores de caixa viveriam em eterna depressão.
Não vejo isso. Meditando melhor sobre essa relação concluo que, uma faculdade pode sim trazer realização pessoal e profissional, mas um diploma não te garante a felicidade. Contra partida há profissões menos conceituadas que podem nos ensinar muito mais do que a melhor aula lecionada.


O Sérgio é o maior exemplo disso. Ele é motorista de trólebus, (creio que poucos sabem, mas tenho loucura por esse tipo de transporte) sempre que vou ao curso pego o trólebus dele. O que me chamou a atenção, (além da coincidência de ser o mesmo motorista), foi o simpático sorriso exposto a todos que entram, a cada ponto. Sempre buzinando para os companheiros de trabalho e sua cautela na direção (coisa rara em transporte público). Vejo nele um exemplo de pessoa que demonstra amor pelo que faz.
Há alguns meses tenho conversado mais com meu novo amigo, fico na frente até chegar meu ponto, só então passo a catraca e logo desço. Ele se mostra um marido apaixonado, pai do Sérgio Junior (9) e do Anderson (7). Disse-me que antes era caminhoneiro, mas que prefere a vida de motorista, por ser mais calma e poder curtir mais a família, contou-me ainda que é apaixonado pelo que faz. Nem haveria necessidade deste último comentário, pois já era explicito pelas suas atitudes. Semana passada presenciei um fato que confirmou isso.
Estávamos nós conversando sobre o calor em pleno inverno, quando entrou um homem vestido modestamente, e perguntou se poderia pegar carona até SBC. O Sérgio não só deixou, como também disse para ele passar na catraca e sentar com os demais passageiros. Quando voltei meu olhar ao Sérgio, pude perceber dentro daqueles olhos que se refletiam tão brancos, em contraste com sua cor escura, mais do que realização, a felicidade que certamente não sentiria se fosse formado pela Universidade de São Paulo e trabalhasse todo dia engravatado na Avenida Paulista.

Sérgios, Marias, Silvanas, Andrés, Fatimas e outros tantos que percorrem esse Brasil Varonil e me fazem compreender que a realização está mais ligada com a forma que você faz, do que o que é feito propriamente.

Aqui me despeço, para ir estudar... Afinal, está chegando o Vestibular!

Tuesday, August 15, 2006

Meu Menestrel

(Inspirada no Menestrel de Shakespeare resolvi fazer o meu... rs)

Depois de um tempo você se sente mulher, mesmo que ainda tenha semblante de menina...

Seus sentimentos amadurecem. Você aprende a confiar no que você acredita e a lutar por isso...

Não se desespera em certas circunstâncias, mas extrai o máximo de aprendizado dessa fase...

Compreende que algumas pessoas querem te ouvir, enquanto outras, só querem falar...

Reconhece que os pais sempre têm razão, mesmo que pareça ser implicância...

Que você pode ter inúmeros casos, mas apenas haverá um grande amor...

Aprende que perdoar deve ser um gesto tão habitual quanto escovar os dentes...

E que culpamos muito os outros. Sendo que grande parte dos nossos problemas, estão exclusivamente em nossas cabeças...

Você observa que mal se conhece, apesar de saber muito sobre a vida dos outro...

Admite que não há circunstância chata o suficiente para você não sorrir...

E finalmente reconhece que há de permanecer a fé, a esperança e o amor. E que dentre os três o maior é o amor... Então não perca tempo, ame!

Sunday, August 06, 2006

Ficará a Fotografia

Em todos os momentos haverá a fotografia, mesmo que ela esteja na memória, de onde nunca sairá.

A valsa sem musica, o espontâneo sorriso, a piada sem-graça, o beijo estralado, o afago nos cabelos, o cheiro de shampoo misturado com o perfume (que exala aquele suave aroma), as palavras ditas e o olhar, que diz mais do que as palavras. O acolhimento, a lágrima escondida, a respiração no ouvido que mistura audição, sensação e amor, muito amor.

Pode-se passar o tempo, haver desencontros e até o silencio da distância, mas a fotografia será a mesma. Os adjetivos mesclarão com os cinco sentidos, e serão eles que trarão conforto e paz durante a saudade.

Há momentos de fazer poses e momentos de observá-las. Ambos são necessários, pois cumplicidade, carinho e dedicação são essenciais, porém com a distância valorizamos o que temos, e a partir disso amadurecemos e amamos intensamente, sem nos abalar com coisas supérfluas.

Por isso deve haver dosagem, fotografia e amor, muito amor!