Um pouco do tanto...

"Se de tudo fica um pouco, mas por que não ficaria um pouco de mim?" (Carlos Drummond de Andrade)

Tuesday, September 26, 2006

Sei que voltarás


O Sol saiu dentre as nuvens e você não chegou. Olhei pela janela, contei o tempo na vã esperança de um telefonema, de um misero sinal de vida.
Sinto seus braços, seu corpo, sua alma. Sinto tanto que sou sua, mesmo que as vezes eu seja do vento.

Por que você desaparece em meio ao vento? Como uma assombração que some na neblina, você foge, mas continua em minha mente. Mesmo que queira e até tente te esquecer, a força de te amar é maior do que meu próprio eu.

Memórias, apenas elas me restam. As idas ao parque, corridas pela rua, brigas que se transformaram em loucos beijos, danças no mercado, poses de Hollywood, puxões de cabelos. Resta-me a lembrança de nossas conversas de irmãos, carinhos de amantes...

Como sempre, aqui te espero com a solidão da alma. Amarro-me as lembranças, sugo as emoções, projetando que todas elas serão entregues a ti. Esperançosa de que voltarás, mesmo que não tenha esta convicção.

O Sol já se esconde entre nas nuvens e eu continuo a te procurar pela janela. Na vã esperança que voltarás...

Thursday, September 21, 2006

Influências da Mídia

Tenho um hilário amigo que sempre diz: “A Globo domina o mundo!”. Talvez essa conjectura esteja em uma proporção surreal, mas a verdade é que a mídia sutilmente nos domestica.

Um constante exemplo desta influência está nas novelas globais. A roupa que a mocinha usa é moda, a gíria daquele personagem cômico está na boca do povo, a cor do cabelo daquela atriz é fashion. Até mesmo o nome do casal principal é os mais utilizados nos cartórios durante aquela época.

Gostando ou não, o fato é que muito do que se passa na televisão reflete diretamente em nossas vidas.
Quem não se recorda da época “Jade”? A dança do ventre e a maquiagem delineada estavam em alta. Também houve a fase “Giuliana”, lembro-me que nesse período extravasamos na comida italiana aqui em casa.
Tenho certeza que você pensou em meia dúzia de novelas que influenciaram sua infância e/ou adolescência, de qualquer emissora.

Não julgo essa influência má, até porquê em alguns casos (mesmo que poucos), nos acrescentam. Mas confesso estar encabulada com o tema discutido na novela do horário nobre: Síndrome de Down.

Não que o assunto não deva ser abordado, muito pelo contrário, brilhante ele e a atuação da atriz Joana Morcazel. Mas reflito até que ponto um assunto tão sério pode virar moda. Diferentemente de outras novelas onde acessórios e gírias eram acrescentadas, agora estamos falando de uma séria doença.

Talvez este cause certa polêmica, mas me preocupo com a influência descartável que certos meios nos trazem. Atualmente muitas emissoras tem pego o gancho e abordado esse assunto. E certamente quando a novela acabar e todo esse tema, tudo será esquecido.

Até onde apreciamos esse tipo de informação, se logo a golfamos rompendo qualquer vestígio?

Tuesday, September 19, 2006

Sábia Inteligência

Sermões nem sempre são exaustivos e inferiorizantes, algumas vezes (mesmo que poucas) podem nos ajudar. Confesso que este se enquadra mais em um conselho amigável ou até mesmo em um compartilhamento do que tenho observado e aprendido.
Em alguns aspectos nos tornamos tão superficiais que mal sabemos discernir o verdadeiro significado de termos corriqueiros.

Sabedoria e inteligência, por exemplo, são termos comuns que apesar de parecidos não são iguais.
Você pode ter diploma universitário, ser poliglota e compreender o porquê da teoria de Pitágoras, e ainda assim não agir sabiamente.
Sabedoria exige mais do que horas de estudo e conhecimento especifico. Requer humildade em ouvir, flexibilidade para aceitar mudanças, dedicação no intuito de ser alguém melhor a cada manhã, fé. Não está diretamente ligada com quantidade ou status, mas em tomar decisões corretas nos momentos certos, saber o que dizer e como falar. Sábia a pessoa que discerni o certo do errado, que se prende a liberdade da ética.
Não quero contestar notas do ENEM ou testes de Q.I, mas compreender até onde deixamos de agir com o raciocínio lógico para fazermos com o intuito da alma?
Procuro me tornar uma pessoa inteligentemente disposta a ser cada dia mais sábia. Com as circunstâncias que a vida me oferece, através dos conselhos que pessoas queridas me dão e de situações que não pretendo viver, mas que quero ouvir.

“Porquanto a sabedoria entrará no teu coração, e o conhecimento será agradável a tua alma”
(Pv 2.10)

Wednesday, September 13, 2006

Eis que...


Eu largaria tudo, abandonaria sonhos, afogaria projetos. Se você pedisse não hesitaria mudanças.

Encorajada, falaria o que penso, faria o que realmente desejo. Dançaria como em frente ao espelho, rolaria na grama, plantaria hortelã e te beijaria como sempre quis beijar.

Desejaria-te mais do que paixão. Tu descobririas a beleza das tulipas, a importância dos filmes água-com-açúcar, o sabor do manjericão, a filosofia dos carinhos na nuca...
Derramaria meus afagos, daria meu colo e lenços perfumados. Tu saberias como se faz e a forma em que se traduz.

Se você pedisse cortaria meu cabelo, comeria camarão, usaria Monange. Largaria meus vícios de português, minha obsessão por fotos antigas.
Com você teria outro rumo, nova vida. Certamente seria alguém melhor. Com caridade e compaixão.


Tudo porquê Te amaria. Se você deixasse, apenas amaria.

Thursday, September 07, 2006

Feriado Nacional?

7 de setembro. Feriado.
Mas do quê mesmo? Ah... Pouco me importa desde que eu possa acordar tarde.
A pouca consciência brasileira que me resta, fez-me refletir qual o motivo do comércio estar fechado. Ora, mas também como posso lembrar de uma data em meio a tantas outras?

O brasileiro é conhecido pelo patriotismo no futebol. Somente nessa área. Ou há outra justificativa para as estatísticas?
A grande obscuridade do Brasil se encontra na educação. Não se forma indivíduos para a melhoria da nação, apenas robotiza-se eles. Afinal, por quê formar pessoas esclarecidas? Para as mesmas compreenderem o que está havendo e se rebelarem? Não. É muito mais cômodo deixar como está.
Tudo isso nos leva a pensar se realmente nos tornamos um país independente em 1822. Talvez deixamos a nomenclatura de “colônia” dos portugueses. Mas e a dívida externa? E os impostos que fazem o dinheiro dizer adeus todos os meses? E a palhaçada que presenciamos todos os dias com denúncias de corrupção e apertos de mão nos horários políticos?

Onde sou livre para ir a padaria, se impera o medo de ser assaltado? Não me sinto independente para nada, já que não tenho certeza do que acontece em meu país.
Talvez continuamos sendo submetidos e explorados em pró de interesses maiores. Só que desta vez, por nós mesmos.

Saturday, September 02, 2006

La Solitudine


Permanecer horas no mesmo lugar nos faz ver situações com outra perspectiva. Ainda mais quando está só; tiramos nossas próprias conclusões sem quaisquer influencia.

Hoje pude comprovar uma das minhas loucas teses sobre solidão; de que não há nada mais deprimente que uma pessoa sozinha na praça de alimentação do shopping. E, dessa vez, quem estava lá era eu. Sozinha, observando a felicidade dos filhos com seus pais, dos velhinhos ainda enamorados e dos jovens vivendo a paixão a flor da pele.
Interessei-me pelo casal tão doce sentado a minha frente. Ele se revezava entre comer sua batata frita e acariciar as longas madeixas de sua amada. Apesar de romântico, imaginei o ensebo que deveria se encontrar o cabelo dela.


Com essa cena percebi que por mais companhias que eu pudesse almejar, apenas uma eu realmente desejava. Drummond já disse em um dos seus clássicos poemas que amar “é um andar solitário entre a gente”. Mas talvez tudo isso não passe de um ensejo da mente, que de tanto observar passou a criar incidentes em coisas rotineiras.

Confesso passar por uma fase melancólia, na qual até a matemática me comove. Pode ser a influê
ncia de Drummond ou a descoberta do meu próprio eu.