Um pouco do tanto...

"Se de tudo fica um pouco, mas por que não ficaria um pouco de mim?" (Carlos Drummond de Andrade)

Wednesday, November 12, 2008

Saudade

Ela sorriu e tentou buscar em sua memória quando teria sido feliz assim.

Se alguém já teria feito suas vontades por mais simples sejam. Talvez um doce, talvez uma carona ou quem sabe um olhar de afeição.

Logo conseguiu ouvir a trilha sonora de cada momento vivido, pensou se realmente a Ana poderia viver sem o mar, se Drummond viveria sem questionar José, se o carro teria a mesma utilidade se não houvesse rádio para cantar. Maravilhada por tantas lembranças, sentiu uma lágrima escorrer do seu rosto.

Pôde lembrar das conversas, das risadas, de cada sonho realizado e de tantos outros que ficarão em seu coração. Compreendeu que palavras às vezes são vagas e que há momentos em que se deve ser amigo da solidão, pois ela nos ensina a valorizar pessoas.

Olhou para si e não viu mais uma mulher forte e determinada, mas uma menina que precisa de colo, de esperança. Ainda observou que olhar para si trazia mais lembranças, pois já não havia limite entre espaço e sentimento.

Tentou cantar, dançar, pintar e até escrever. Tudo em vão, pois driblar a saudade só a intensifica, e quando você se dá conta, sente-se amargurado pela distância, que além de física envolve também o coração.

Olhou para o horizonte, e ainda sorrindo, mas agora cheia de lágrimas, compreendeu que realmente teria sido feliz.