Um pouco do tanto...

"Se de tudo fica um pouco, mas por que não ficaria um pouco de mim?" (Carlos Drummond de Andrade)

Monday, July 31, 2006

O dinheiro traz felicidade?

Tema clichê, eu sei. Mas sempre me questionei até que ponto as finanças influenciam a vida como um todo. Porque de fato, ela influencia.

Sabe aquela ânsia de ir ao shopping, e entrar naquela sua loja preferida que está em uma mega liquidação? Ou apenas comprar alguma coisinha, naquela loja de bairro. Independentemente da circunstância, comprar traz para muitas pessoas, uma sensação muito parecida com a felicidade.

Porém, a verdadeira felicidade não está à venda nas vitrines. Muito pelo contrário, ela é encontrada nas coisas mais simples, em momentos informais.

Pude comprovar isso semana que passou. Em um bairro chamado Vera Cruz, na zona leste de São Paulo.

Ali estavam crianças carentes, que aguardavam ansiosamente o momento do lanche; quem sabe muitas delas não teriam outra ceia tão cedo.
Porém o que me chamou a atenção, foi que a carência delas estava muito além de comida e vestes. Elas tinham necessidade de dialogo, atenção. O simples fato de você sentar e conversar com elas, já as revelava com um semblante feliz.

Penso em quantos meios nós procuramos a felicidade, mas nos esquecemos que ela está entre nós e não entre o que temos.
Nossos bens podem sim nos ajudar, porém o mais valioso deles não paga por um sorriso, como os que eu vi semana passada.

Fui aquele lugar para ensinar, mas acredite, foram elas que me ensinaram o preço de ser feliz.


Thursday, July 27, 2006

Ter ou não ter namorado. Eis a questão!

Quem não tem namorado é alguém que tirou férias remuneradas de si mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia. Paquera, gabira, flerte, caso, envolvimento, até paixão é fácil. Mas namorado mesmo é muito difícil.

Namorado não precisa ser o mais bonito, mas ser aquele a quem se quer proteger e quando se chega ao lado dele a gente treme, sua frio, e quase desmaia pedindo proteção. A proteção dele não precisa ser parruda ou bandoleira: basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição.

Quem não tem namorado não é quem não tem amor: é quem não sabe o gosto de namorar. Se você tem três pretendentes, dois paqueras, um envolvimento, dois amantes e um esposo; mesmo assim pode não ter nenhum namorado. Não tem namorado quem não sabe o gosto da chuva, cinema, sessão das duas, medo do pai, sanduíche da padaria ou drible no trabalho.

Não tem namorado quem não sabe dar o valor de mãos dadas, de carinho escondido na hora que passa o filme, da flor catada no muro e entregue de repente, de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Chico Buarque, lida bem devagar, de gargalhada quando fala junto ou descobre a meia rasgada, de ânsia enorme de viajar junto para a Escócia, ou mesmo de metrô, bonde, nuvem, cavalo, tapete mágico ou foguete interplanetário.

Não tem namorado quem não gosta de dormir, fazer sesta abraçado, fazer compra junto.
Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele; abobalhados de alegria pela lucidez do amor.

Não tem namorado quem não redescobre a criança do amado e vai com ela a parques, fliperamas, beira d'água, show do Milton Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos ou musical da Metro.

Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos, quem não se chateia com o fato de seu bem ser paquerado.
Não tem namorado quem ama sem gostar; quem gosta sem curtir quem curte sem aprofundar.

Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada ou meio-dia do dia de sol em plena praia cheia de rivais.
Não tem namorado quem ama sem se dedicar, quem namora sem brincar, quem vive cheio de obrigações.

Não tem namorado que confunde solidão com ficar sozinho e em paz. Não tem namorado quem não fala sozinho, não ri de si mesmo e quem tem medo de ser afetivo.

Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando 200Kg de grilos e de medos. Ponha a saia mais leve, aquela de chita, e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras. Saia do quintal de si mesma e descubra o próprio jardim.

Se você não tem namorado é porque não enlouqueceu aquele pouquinho necessário para fazer a vida parar e, de repente, parecer que faz sentido.

Monday, July 24, 2006

Marcas da Personalidade

Meu pai não gosta que eu pegue trólebus à noite. Ele diz que sou louca, e tem mais medo do que eu possa fazer com o ladrão, do que o que ele poderá fazer comigo.

Desde pequena fui assim; destemida, ousada, diferente. Lembro que na 1ª série a mãe de uma menina pediu para conversar com a minha mãe. Ela afirmava que as minhas idéias e opiniões estavam influenciando demais a sua filha.

Alguns defeitos se tornam qualidades e vice-versa, depende do seu ponto de vista. Neste ultimo mês reparei que algumas atitudes que tanto crítico nos outros, também são características minhas. Isso me fez reavaliar meus comentários e pensamentos, além de entender o quanto, muitas vezes, sou insuportável.

A marca da sua personalidade sempre estará sendo exposta, e por isso algumas pessoas passam a admirá-la ou a criticá-la. Isso porém, passa a ser secundário, quando sua prioridade for buscar aquela paz inexplicável, mesmo que para isso você tenha que ir contra a correnteza.

Wednesday, July 19, 2006

A bela Imperfeição

Estive lendo alguns textos de Arnaldo Jabor (aquele comentarista engraçado do JN).
Se você está pasmando na Internet, recomendo você ler algumas crônicas dele. Li diversas que criticava a perfeição estética que todos buscam, mas ele falava especialmente às mulheres. Decidi então, expressar aqui o meu ponto e vista pelo mesmo tema.

Essa perfeição que o mundo cobra às mulheres certamente me irrita, mas o que mais me chateia é a imagem que a mídia vende de que a “mulher perfeita” é feliz, e só ela encontra o amor da sua vida. Esse perfil se enquadra em, estar sempre com uma roupa bonita que combine, perfumada, com a maquiagem impecável, um salto 15 e com o cabelo escovado e retocado.

Como se não bastasse, ainda dizem que tem que ser a profissional realizada, além de ser a Amélia, a enfermeira, a super-mãe e a fogosa amante.

Tem que ser malhada, mas em hipótese algumas estar cansada. Com as sobrancelhas retocadas, axilas depiladas, orelhas não inflamadas.

Nesse padrão a mulher tem que sempre estar com um sorriso tenro e uma atitude audaciosa. Além de ter um corpo “a la Gisele Bündchen”.

Eu não quero ser assim! (Mesmo que quisesse, não conseguiria). Eu quero ser amada juntamente com todos os defeitos que tenho. Com a minha celulite, minha estria, meu olho com remela, com o esmalte descascado, com olheiras da manhã, descabelada, com a roupa de casa, com a cara amassada...

Quero alguém assim como eu, perfeitamente imperfeito.

Sunday, July 16, 2006

Não Quero

Não quero alguém que morra de amor por mim... Só preciso de alguém que viva por mim, que queira estar junto de mim, me abraçando.

Não exijo que esse alguém me ame como eu o amo, quero apenas que me ame, não me importando com que intensidade.

Não tenho a pretensão de que todas as pessoas que gosto, gostem de mim... Nem que eu faça a falta que elas me fazem, o importante pra mim é saber que eu, em algum momento, fui insubstituível... E que esse momento será inesquecível...

Só quero que meu sentimento seja valorizado. Quero sempre poder ter um sorriso estampando meu rosto, mesmo quando a situação não for muito alegre...
E que esse meu sorriso consiga transmitir pazpara os que estiverem ao meu redor.

Quero poder fechar meus olhos e imaginar alguém... e poder ter a absoluta certeza de que esse alguém também pensa em mim quando fecha os olhos, que faço falta quando não estou por perto.

Queria ter a certeza de que apesar de minhas renúncias e loucuras, alguém me valoriza pelo que sou, não pelo que tenho...
...
Quero poder ter a liberdade de dizer o que sinto a uma pessoa, de poder dizer a alguém o quanto é especial e importante pra mim, sem ter de me preocupar com terceiros... Sem correr o risco de ferir uma ou mais pessoas com esse sentimento.

Quero, um dia, poder dizer às pessoas que nada foi em vão... que o amor existe, que vale a pena se doar às amizades a às pessoas, que a vida é bela sim, e que eu sempre dei o melhor de mim...
e que valeu apena!!!
Mário Quintana

Monday, July 10, 2006

De tudo, a Náusea

Depois de tudo que acontecera, ela só queria sair de casa e correr pela rua, sem rumo, sem constrangimento. Talvez parar em um bar e encher a cara pela primeira vez, certamente a ressaca não seria pior do que a dor que estava sentindo, quem sabe quisesse ir para casa de algum amigo desabafar ou apenas ficar zanzando sem destino e pensando em tudo que tinha visto e ouvido.

Seu maior desejo era se teletransportar para outra galáxia, tá bom, poderia ser para outro país, estado, cidade, até mesmo casa. Apenas queria sair daquele lugar em que, um dia fora feliz, mas que agora lhe dava náuseas. A janela, o tapete desbotado, a parede esverdeada, o quadro recém-comprado, cada canto lembrava palavras, gestos, cuidados, que agora eram inúteis, pensando bem se tornaram patéticos.

Passou pela memória, como em flash back, tantos momentos; os presentes, as noites mal dormidas, conversas jogadas foras, choros, risadas, muitas vezes choros com risadas. Pensou até onde fora feliz e até onde fingiu ser. Onde acabará a vida e começara a encenação.

Ali se questionou por horas, mesmo sabendo que não haveria respostas concretas.
Concluiu que estava frígida. Que daquela situação não levava raiva, ódio, rancor, muito menos amor. De tudo que viveu, apenas restou a náusea.

Permaneceu a vontade de sair correndo pela rua, mas esteve ali, intacta.

Wednesday, July 05, 2006

Quem sabe um dia

...
Sentir primeiro, pensar depois
Perdoar primeiro, julgar depois
Amar primeiro, educar depois
Esquecer primeiro, aprender depois
Libertar primeiro, ensinar depois
Alimentar primeiro, cantar depois
Possuir primeiro, contemplar depois
Agir primeiro, julgar depois
Navegar primeiro, aportar depois
Viver primeiro, morrer depois

Mário Quintana

Monday, July 03, 2006

Fim do Pão e Circo?

A política do pão e circo fora implantada na crise do Império Romano, com o principal objetivo de acalmar o povo perante a miséria em que viviam.

Tinha como estrutura lutas em enormes arenas (Coliseu) realizadas por gladiadores. E também diversos eventos como corridas com bigas, quadrigas, acrobacias, bandas, palhaços e corridas de cavalos. Enquanto acontecia os espetáculos, alguns servos ficavam encarregados de jogar pão nas arquibancadas.

O governo acreditava que, enquanto houvesse diversão e comida gratuita, o povo não reclamaria dos problemas que os acometia ou alguma crise política que poderia estar em pauta no momento. E que, quando recordassem, a política já estaria estável.


No ultimo final de semana, pudemos sofrer junto com a Seleção Brasileira e se entristecer com sua desclassificação. Mas desde muito antes do inicio da Copa, o Brasil já havia se mobilizado nesse ideal; veículos de comunicação enviaram seus correspondentes, centenas foram à Alemanha, muitos enfeitaram suas casas e carros, todos exibindo seu patriotismo.

Assim que começou a copa o Brasil parou. Até o Presidente da Republica disse que, no momento dos jogos não trabalharia para assisti-lo. Certamente em quase um mês a rotina dos brasileiros mudaram, além de saírem mais cedo do trabalho e/ou escola, os comentários sobre corrupção e administração do governo, deram lugar a, seleções, lances e jogadores.

Podemos constatar que em pleno século XXI passamos pela política do pão e circo. O governo aproveitou ao máximo do futebol, que é uma paixão nacional, para deslocar a crise e tentar estabilizar, para a próxima eleição, um governo que até alguns meses estava em uma evidente crise.

Resta agora saber se, com a desclassificação Brasileira essa política será exterminada ou apenas terá outro foco.