Um pouco do tanto...

"Se de tudo fica um pouco, mas por que não ficaria um pouco de mim?" (Carlos Drummond de Andrade)

Wednesday, August 16, 2006

Crises de Vestibulando

Já estamos em meados do segundo semestre e parece que não se fala em outra coisa além do Vestibular. Tenho impressão que meus 11 anos de estudo serão postos à prova daqui alguns meses. Como se não bastasse ter que dispor dessa bagagem de tantos anos em mente, ainda há a auto pressão psicológica, que introduz pensamentos como “É realmente isso que eu quero para minha vida? Será que tenho vocação?”. Além de todas essas informações infiltradas em sua cabeça, sempre há um dito cujo para perguntar como estão os preparativos para a prova. Você diz sem-graça: “Está bem!”. Com aquela vontade agonizante de dizer que na verdade está vivendo uma crise existencial por causa desse “bendito” vestibular.


Não compreendo qual a relação entre a felicidade e um diploma universitário. Se fosse assim, os médicos e os advogados seriam radiantemente felizes, enquanto os garis e operadores de caixa viveriam em eterna depressão.
Não vejo isso. Meditando melhor sobre essa relação concluo que, uma faculdade pode sim trazer realização pessoal e profissional, mas um diploma não te garante a felicidade. Contra partida há profissões menos conceituadas que podem nos ensinar muito mais do que a melhor aula lecionada.


O Sérgio é o maior exemplo disso. Ele é motorista de trólebus, (creio que poucos sabem, mas tenho loucura por esse tipo de transporte) sempre que vou ao curso pego o trólebus dele. O que me chamou a atenção, (além da coincidência de ser o mesmo motorista), foi o simpático sorriso exposto a todos que entram, a cada ponto. Sempre buzinando para os companheiros de trabalho e sua cautela na direção (coisa rara em transporte público). Vejo nele um exemplo de pessoa que demonstra amor pelo que faz.
Há alguns meses tenho conversado mais com meu novo amigo, fico na frente até chegar meu ponto, só então passo a catraca e logo desço. Ele se mostra um marido apaixonado, pai do Sérgio Junior (9) e do Anderson (7). Disse-me que antes era caminhoneiro, mas que prefere a vida de motorista, por ser mais calma e poder curtir mais a família, contou-me ainda que é apaixonado pelo que faz. Nem haveria necessidade deste último comentário, pois já era explicito pelas suas atitudes. Semana passada presenciei um fato que confirmou isso.
Estávamos nós conversando sobre o calor em pleno inverno, quando entrou um homem vestido modestamente, e perguntou se poderia pegar carona até SBC. O Sérgio não só deixou, como também disse para ele passar na catraca e sentar com os demais passageiros. Quando voltei meu olhar ao Sérgio, pude perceber dentro daqueles olhos que se refletiam tão brancos, em contraste com sua cor escura, mais do que realização, a felicidade que certamente não sentiria se fosse formado pela Universidade de São Paulo e trabalhasse todo dia engravatado na Avenida Paulista.

Sérgios, Marias, Silvanas, Andrés, Fatimas e outros tantos que percorrem esse Brasil Varonil e me fazem compreender que a realização está mais ligada com a forma que você faz, do que o que é feito propriamente.

Aqui me despeço, para ir estudar... Afinal, está chegando o Vestibular!

2 Comments:

Anonymous Anonymous said...

aeeeeeeee tenho q fazer um texto sobre isso pro cursinhp
vc ja me facilitou uma parte!!

hehehehe bjos

7:04 AM  
Anonymous Anonymous said...

aeaeae eh q a sociedade nos obriga a fazer isso... para nos tornarmos alienados e nao nos revoltarmos com o governo.... entao.. vamos acabar com isso.. vamos invadir o congresso.. e fazer uma revolução.. hahahaha.... q viajem...

nha meo.. pelo q eu vejo.. tem cursos q vc consegue aprender algo.. mas tem cursos q vc soh vai aprender quando vai trabalhar!!

eh estranho.. mas eh assim.....


bju

7:12 AM  

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