15 anos

Então, ela volta a ouvir Nenhum de Nós só para sentir o gostinho da felicidade aos 15 anos.

Recordou-se da pureza no olhar, das amigas inseparáveis, daquele professor horrível de matemática, da pele sem marcas nem manchas, da dúvida de se vestir como menina ou como mulher.

Lembrou, por fim, que é tão fácil ser feliz, mas que os adultos insistem em buscar muletas e, por isso, acabam não vivendo a plena felicidade.

Só assim se deu conta que o tempo tinha passado e que, por isso, seria impossível ser a mesma de anos atrás.

O primeiro amor passou, poucos amigos restaram, o problema deixou de ser aquela prova de matemática para envolver outras responsabilidades que o "mundo adulto" te indica a seguir.

Mas a verdade é que lá no fundinho, tudo que ela mais queria era voltar para aquele tempo onde depois do almoço você podia ficar deitado vendo televisão e, onde o príncipe encantado existia (mesmo que fosse só na imaginação).

Um tempo em que você queria crescer rápido só para não ter que dar satisfação da vida ou, então, pela simples liberdade de poder beber, dirigir e ser dono do próprio nariz. Suspirou e concluiu "quanta tolice!"

Lembrou que seus 15 anos foi a época das descobertas, de pedir dinheiro para mãe, de dormir na casa da sua melhor amiga, de se entregar de corpo e alma, mesmo sabendo que a eternidade de um momento dura, muitas vezes, pouco tempo.

Ah... Mas se ela pudesse voltar atrás faria tudo tão diferente e ao mesmo tempo tão igual. Mudaria tantas atitudes, mas aproveitaria cada dia, cada momento da mesma forma.

Por fim, concluiu que Nenhum de Nós continua sendo uma de suas bandas preferidas. Que o tempo pode levar e mudar muita coisa, porém tantas outras estarão eternizadas em seu coração.

Problemas?

Algumas circunstâncias acontecem em nossa vida sem um porquê específico. Você pode falar que é Deus, sorte, destino, enfim, criar vários nomes para acontecimentos inesperados. Porém, o fato é que a gente nunca entende realmente o porquê de algumas coisas.

Se for algo bom, excelente, pois mudanças positivas são sempre bem vindas, além do mais a adaptação é rápida e fácil. Porém, e se o inesperado for algo muito ruim?

Quem nunca se perguntou: Por que isso aconteceu comigo?
A verdade é que você questiona, se culpa, procura um culpado, chora, chora, chora mais um pouco e, por fim, fica realmente chateado.
E se fosse diferente? Se eu tivesse feito isso, não tivesse dito aquilo, ou até, se não tivesse levantado da cama nesse dia? Tudo vira uma hipótese, ou melhor, uma tese de mestrado.

Não sei você, mas concordo piamente com a frase "saúde e paz o resto a gente corre atrás". Então, caso seu problema não envolva saúde e paz de espírito, todo o resto pode ser contornado.
Um novo emprego será achado, uma velha amizade será restituída, o coração deverá ser reconquistado, o sorriso voltará a ser estampado, o pecado será preenchido pelo amor.
Em suma, creio que não há nada que o tempo não possa resolver ou curar.

Ao olhar para o lado vejo tanta doença, desgraça, miséria, injustiça e desigualdade que acabo me sentindo privilegiada por ter problemas tão pequeninos.
Talvez eu seja a minoria que tenta ser otimista perante os problemas. Aquela que vê o copo meio cheio (e não meio vazio).
Mas a verdade é que não tenho a fé inabalável (infelizmente). Sou frágil e sensível como qualquer um e, às vezes, me canso de ser forte e só sinto vontade de fraquejar quietinha no meu canto.

Mas esse sentimento passa e, quando passa, me vejo mais forte. Sinto que estou pronta para mais uma, duas, três, mil batalhas. Vejo que valeu a pena passar por tudo, pois hoje estou mais madura e preparada para as surpresas que a vida pode me oferecer.

Concluo, por fim, que os antigos são sábios ao dizer que dessa vida não se leva nada.
As roupas da moda de hoje, amanhã estarão em desuso; o carro do ano em breve estará desvalorizado; as maquiagens tem prazo máximo de 2 anos; o corpo envelhece, logo a beleza da juventude se vai.
As marcas, o dinheiro, o glamour, tudo passa. Completaria dizendo que dessa vida a gente só leva os sentimentos nobres, como o amor, amizade, cumplicidade e fé. De resto, tudo passa.

Nessa hora a reflexão fica por conta dos problemas (será que são problemas mesmo?) e do tempo que se gasta pensando neles ao invés de cultivar bons sentimentos para ser feliz.

Amar: Escolher ou ser escolhido?

Existem algumas certezas nessa vida e uma delas é amar. Se você já amou, sabe do que estou falando. Caso você nunca tenha sentido borboletas no estômago, se prepare, pois mais cedo ou mais tarde isso também acontecerá com você!

Amar para alguns pode ser algo lindo e precioso, tal como um conto de fadas. Para outros, pode soar como um pesadelo, algo nebuloso, intrigante e sofredor. Nesse caso o fato está ligado mais a quem se ama, do que ao sentimento em si. 

Afinal, como escolher alguém para amar?

Quando era criança fazia aquela lista gigante com os itens necessários para o par ideal. Com o passar do tempo percebi o quanto fui inocente ao tentar atribuir fatores para o amor.

Afinal, amor não vê beleza, assim como também não vê carimbo na carteira de trabalho, visto no passaporte, habilitação ou qualquer outro fator que envolva uma certa lógica.

O segredo está ai: Amar não envolve lógica nenhuma. Se fosse assim, nerds e garotos de família estariam compromissados, enquanto bandidos e desempregados seriam eternos solteirões. 

Tenho comigo que a porta para se apaixonar está na admiração, por isso você admira para posteriormente amar. E olha que os fatos acontecem exatamente nessa ordem!

A ideia principal da admiração, nesse caso, é que ela seja observada em pequenos detalhes, pois são nesses retalhos que conseguimos englobar a verdadeira essência. 

Essa admiração pode brotar pelo jeito que ele sorri mesmo tendo os dentes separados, ou então, pela forma que ele prepara um misto quente na lancheira velha. Pode-se admirar o jeito que ele troca as marchas do carro, que passa gel no cabelo, ou então, a forma charmosa que ele fala seu nome.

Já você se encanta pela forma que ela mexe no cabelo. Admira sua elegância mesmo quando usa um jeans velho ou simplesmente adora ouvir ela falar histericamente das injustiças que vive. Admira seu timbre de voz, seu jeito único e especial de ser. Admira tanto que não sabe nem dizer.

Pois então, quando a admiração é reciproca. Pimba! Surge o amor. Não há como escolher ou ser escolhido. Basta apenas viver, pois amar nada mais é do que uma certeza da vida.

O que fica de 2011?

Resumiria 2011 como um ano de mudanças e ótimas lembranças.

Creio que o ano passou rápido demais, pois uma enxurrada de novidades ocorreram. Justamente essas que nos fazem crescer e, de certa forma, mudar.
Tento me recordar da Natália do começo do ano e concluo que a diferença é notória. Menos menina, mais mulher. Novas responsabilidades, novos desafios, novos planos e sonhos surgiram. Algumas decepções, outro bocado de lágrimas e muitos sorrisos.

O ano foi marcado pela concretização de um sonho: Minha formatura.
Pude me descabelar com a pesquisa de conclusão de curso, estar com febre na hora da banca, mas também tive o privilégio de ter uma nota maravilhosa e avaliar que valeu a pena cada esforço, cada noite mal dormida, cada passeio cancelado para estudar.

Este ano também foi marcado pelo pedido de casamento que recebi. Não foi um simples pedido, pois ocorreu da forma mais romântica e perfeita. Certamente foi uma surpresa que mudou totalmente o percurso da minha vida.
Afinal, pensar em casamento é querer dividir todos os sentimentos e momentos da sua vida com alguém de forma madura e responsável.

Na área profissional também tive a oportunidade de crescer e aceitar novos desafios. Todo cansaço e esforço valem a pena quando há aprendizado e também o reconhecimento da sua capacidade e, claro, do seu trabalho.

2011 chegou até mim como um ano precioso para colher os frutos que plantei há tempos com tanto carinho.
Também por isso 2011 foi um ano de conquistas, pois decidi ousar e aproveitar cada oportunidade, cada amigo, cada passeio para ser feliz.

E assim quero que seja 2012, um ano para ser exuberantemente feliz!

Meus 23 anos...

"Há 23 anos atrás nascia uma estrela..."
Pois bem, não quero escrever um texto de aniversário baseado em demagogia e temas clichês, como a maioria dos cumprimentos que você recebe nessa data.

Recordo perfeitamente que, quando criança, via essa idade como algo tão longe, tão maduro. Sonhava ser tanta coisa com 23 anos. Formada, casada, carreira brilhante, diversos carimbos no passaporte e um punhado de amigos para a vida inteira.

De certa forma os sonhos se tornaram realidade. Não exatamente no tom que sonhara, mas na forma que Deus escreveu para mim - e disso eu não tenho que reclamar. O fato é que com o tempo você aprende que sonhar é preciso da mesma forma que a flexibilidade é essencial, caso contrário você será uma pessoa frustrada.

Pode soar estranho, mas em alguns aspectos sinto como se ainda tivesse meus 12 anos. Afinal, permaneço com tantos gostos e gestos. Ainda dou um beijo e desejo "boa noite" aos meus pais antes de dormir. Minha comida preferida não mudou. Adoro assistir os desenhos da infância, assim como não vejo a hora de chegar o Natal. Sinto medo de perder quem amo. Sou insegura abeça para comprar roupas sozinhas, entre tantos detalhes que trago de mim.

O fato é que por mais que o tempo passe sinto que minha essência permanece. Posso mudar de opinião, de humor e de estilo musical, porém o que trago no meu coração, o que aprendi com a vida, enfim, o caráter que foi moldado com tanto carinho pelos meus pais, tudo permanece dentro de mim.

Pensando melhor, mais do que os outros, talvez o mais difícil seja ouvir verdadeiros votos de si. Afinal, quem conhece você melhor que sua consciência?

Pois quero que a Natália seja mais humana, tenha mais sorrisos do que bicos, chore mais por compaixão do que por raiva.
Desejo uma Natália que saiba administrar melhor seu tempo, que veja mais seus verdadeiros amigos e que valorize, de fato, sua família e fortifique seus laços familiares.
Uma Natália mais amorosa, mais simplista, que deixe a correria de lado para que sua essência possa ser transparecida.
Uma Natália menos consumista, menos teimosa, menos estressada e preocupada com o futuro. Que viva intensamente cada momento do presente e que valorize as pessoas queridas.

Desejo, por fim, que os anos cheguem e que você possa olhar para trás e ter orgulho do que você é e não do que tem. Que eu saiba amar o que realmente tem valor e cultivar sentimentos eternos. Afinal, o que não é eterno é eternamente inútil.

Relembrar é viver

Vejo tantos por ai ocultando seu passado, escondendo suas feridas. Logo penso: Por que olvidar momentos, histórias, choros e risadas que nos fizeram construir o hoje?

Olhar para trás está além de relembrar momentos do passado. Você sente o perfume naquela blusa antiga,  o gosto do bolo de cenoura da sua vó, o frio na barriga daquele encontro especial, sente o orgulho de mais uma singela vitória: sua formatura.
Fica aquele choro engasgado na garganta ao lembrar de tantos momentos.

Você aprendeu que um amor dito eterno passou, depois veio mais um, mais um... E todos se foram com a mesma sutileza em que chegaram. Você chorou, emagreceu, se trancou, mas passou. Eles trouxeram a maturidade de entender que amor está além de simplesmente amar, pois exige companherismo, fidelidade, amizade e paciência.

Você teve que aprender a dizer adeus a pessoas especiais. Concluiu que o futuro é incerto demais para deixar sua vontade para amanhã. O tempo é curto e o amanhã talvez nunca chegue. Perder alguém para a morte é simplesmente postergar um encontro que algum dia acontecerá.

Você compreendeu que deve valorizar quem realmente se importa contigo. Família é o bem mais precioso que temos. Amigos verdadeiros sempre estão ao seu lado, mesmo que o tempo passe e o contato fique escasso você sabe que ali tem alguém que pode contar em todos os momentos.

Olhar para trás nos faz refletir momentos tristes, alegres, fúteis e emocionantes. Claro, cada um com sua pecularidade de detalhes, mas todos com momentos que enchem os olhos de lágrimas.
E é justamente esse olhar saudosista que me faz agradecer por tudo que passei, pois foram esses momentos que me fizeram ser a mulher de hoje.

Se há maturidade, paciência e delicadeza em olhar a vida é justamente porque algo do meu passado se reflete em mim assim.
Por isso, devo agradecer a cada um que deixou um pedacinho marcado na minha história.

Afinal, relembrar também é uma deliciosa forma de se viver!

Saudações,

Natália Casanova

Ah.. os detalhes

Desde criança somos pressionados a sermos bem sucedidos na vida. O que para a sociedade inclui em ser magro, vistoso, pós-graduado aos 24 anos, bem sucedido financeiramente, profissionalmente e, claro, pessoalmente. O último item engloba ter uma família de comercial de margarina, onde todos são lindos, se vestem bem, tomam um super café da manhã juntos e são constantemente felizes.

Com a superficialidade imposta pelo mundo que nos rodeia, reflito se realmente esse é o perfil para a requisitada "felicidade" ou se ela encontra em outros detalhes (ah.. os detalhes) da vida.

Sim, eu sou apegada as coisas simples da vida. Almoço em família num domingo ensolarado, o beijo carinhoso na ponta do nariz enquanto você dirige, um telefonema inesperado vindo de alguém especial que há tempos não mantinha contato. Essas situações, assim como outros detalhes expostos, que fazem a vida realmente ter sentido.

A vontade de acordar cedo em plena terça-feira não vem das obrigações de estudar, trabalhar e ser alguém na vida. Mas do encanto em poder detalhar em seus olhos, como num filme antigo, detalhes de uma rotina que virará história de vida para ser contada futuramente, onde seus netos ficarão perplexos pelo encanto das roupas, gestos e atitudes de antigamente.

Ah... os detalhes, eles sim fazem toda diferença em nossa vida incoerente. A realização está além (muito além) de fortuna e aparência, mas nos princípios e memórias guardadas em seu coração, que estarão perpétuos em sua alma.

Sim, eu fiz faculdade e pretendo me pós-graduar em breve. Não pela ganância que as aparências emitem, mas pelo simples prazer em estudar e desvendar o novo, pela imensa vontade que sinto em aprender e me concretizar um ser humano melhor a cada dia. Aprender sempre, se sentir superior por isso, jamais.

Sempre comentaram sobre minha sensibilidade, seja para escrever, como para aconselhar, se emocionar ou ajudar ao próximo. Não sei se realmente sou isso ou se essa impressão é apenas um reflexo de outras características da minha personalidade. O fato é que ver o mundo dessa forma o faz ser mais belo (mesmo que seja só para mim) e, consequentemente, me traz inspiração. E somente assim consigo viver: Inspirada.

Inspiração pelo aroma do nhoque da minha mãe, por rir das coisas erradas que sempre acontecem, por cantar bem alto no carro do namorado, por assistir futebol com a minha vó (mesmo sendo de um time que eu nunca ouvi falar), enfim... Lá estou eu falando novamente sobre os detalhes da vida.

Talvez me apegue tanto aos detalhes, pois no final, ele fazem a verdadeira diferença. Seja para amar, respirar e, por fim, viver.